Modas periféricas de Blumenau

Imagem de @fogaça

O projeto

Apresentamos registros de uma experimentação artística que mostra a criatividade e a produção de moda na periferia de Blumenau.  Entendemos periferia como aquilo que não está no centro territorial e discursivo. O método de trabalho é a fotografia de moda, que se aproxima, em certo grau, da etnotofografia. As fotos mostram as incidências do real periférico, que imerge na comunidade, na medida que se envolvem conhecimentos locais, criatividade, culturas de ser, estar e agir e formas de resistência.

Os verbos que pautaram os encontros com os produtores de moda e modelos foram: conhecer; reconhecer; visibilizar; criar... em cada encontro, em cada foto, outra-Blumenau é desvelada, aquela que está fora do circuito tradicional e conservador. Buscou-se a essência da comunidade para mostrar a beleza e a certeza de que outros movimentos culturais são possíveis. Para além da máquina que forma a cidade, há corpos que sobrevivem a um silenciamento histórico.

Cada foto é um grito. O grito que conhece a dor e reconhece a própria criatividade. Da dor emergem formas de ultrapassar, modeladas nas artes manuais, vestes e na linguagem de ser. Fotografar visibilizou os desejos e esperançar possibilidades de trazer para o centro aquilo que foi tornado marginal e periférico. 

O projeto Modas, tem e-book a venda no Google Livros.

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FOTO-LIVRO EM PDF

Live de apresentação do livro

Conversar com artistas e produtores de moda em Blumenau em live de lançamento do foto-livro Modas periféricas de Blumenau

Memorial de experimentação artística

Memorial com fotos, vídeos e outros registros da experimentação artísticas.

A moda não é efêmera. As peças podem, em certa medida, tornar-se transitórias. A ideia que envolve uma produção de moda perpetua-se com o passar do tempo. A tendência da moda se desterritorializa em cada estação, mas o conceito que a envolve, cria outro território. O outro foi aquele encontrado em cada clique fotográfico.

As modas periféricas de Blumenau retratam outro território. A cartografia das produções mostrou que os produtores periféricos se misturam com o território da cultura comercial e germanizada da cidade. As modas são periféricas porque estão à margem daquilo que é dominante. Não é apenas a terra física que determina uma periferia, mas é o lugar destinado, aquele que mostra sua produção de moda e muitas vezes o lugar da fala que lhe é apresentado. 

A construção da moda nas periferias de Blumenau ensinou que o essencial é o encontro. Uma relação afetiva que constrói a comunidade a partir do encontro. Modelos e produtores de moda formam uma teia, de amizade, de fraternidade, de produção daquilo que é belo. A teia não tem “nodos”, ela põe sobre si novas camadas. Foi assim a comunidade que encontramos. Ela é frágil na medida que não possui nodos, e, simultaneamente, evidencia sua maturidade, frente a lógica dominante. As diferentes camadas, postas umas com as outras, dão a força para continuar firmes, ainda que marginalizadas. É um território periférico em muitos sentidos, mas fértil na beleza de ser esperança. 


Confira as postagens do projeto no Instagram:

#modasperifericasemblumenau

Você já conhece o livro A roupa A evolução da Roupa em sua Relação com a sociedade. Do ano 1000 d.C. até o século XX?

Esta obra buscou em livros de história e vestuário, a justaposição de movimentos e acontecimentos sociais às modificações nas Roupas. Lançou olhar sobre os avanços técnicos e tecnológicos ao longo de mil anos de sociedade ocidental, buscando acontecimentos marcantes, que mudaram a história da Roupa no mundo ocidental. Ao analisar a Roupa sob o olhar da filosofia, Albio Fabian Melchioretto traz uma crítica ao vestir e ao nu na sociedade contemporânea, e lança a perspectiva do olhar sobre a Roupa como uma construção política. Permite questionar a regra de uso de Roupas, iniciando como um artefato para cobrir o nu, e finalizando como um objeto de simbolismo político cultural. Ao pensar na Roupa como um produto social e histórico, sob a visão antropológica, Tatiane Melissa Scoz analisa a questão de gêneros da Roupa. Numa reflexão sobre a bipolaridade dos gêneros e o simbolismo percebido no vestuário. Esta análise nos permite questionar ou mesmo compreender a possibilidade, ou não, de existir uma Roupa agênero, ou sem gênero. Cibele Cristina Martins nos permite perceber o fenômeno moda sobre o produto Roupa, ampliando a visão da Roupa na Moda, percebendo-a sob a ótica de diversos autores, que a consideram desde um sistema de linguagem a um reflexo cultural. A Roupa na visão de Martins emana simbolismos da Moda, não difere de outros objetos do nosso cotidiano, no entanto, carrega a subjetividade do sujeito. 

Publicações acadêmicas

Resistências técnicas e cognitivas dos artistas periféricos de Blumenau: as modas das periferias e o corpo sem órgãos

Linguagens: revista de letras, artes e comunicação (21/12/2022)

Essa pesquisa apresentará uma reflexão sobre as resistências técnicas e cognitivas dos artistas periféricos de Blumenau, a partir do conceito de Corpo sem Órgãos de Deleuze e Guattari. Elas  foram percebidas durante a execução do Projeto “Modas Periféricas de Blumenau”, em 2022.  Os participantes entrevistados foram moradores de regiões periféricas de Blumenau, artistas,  artesãos e performers cujas identidades faziam parte de suas produções visuais. Como local  periférico, considerou-se o local de pertença cultural em relação ao contexto de Blumenau, que  mantém a colonialidade de poder. O Projeto levou etnofotografia de moda para artistas e  produtores visuais periféricos, no intuito de divulgar o conhecimento, reconhecer as identidades  periféricas e mapear as criações e produções artísticas e visuais de Blumenau em locais invisibilizados. Para descrever a relação da periferia com o contexto foi efetuada a cartografia  e uma análise das fotografias efetuadas durante o Projeto. O conceito de Corpo sem Órgãos fundamentará as discussões em três categorias: a eminência do Corpo sem Órgãos cheio; do Corpo sem Órgãos vazio e/ou do Corpo sem Órgãos canceroso nas produções visuais  periféricas. As resistências apresentadas e discutidas a partir desse conceito, relacionaram-se  com a cor da pele, gênero, transgeneridade, analfabetismo virtual e moradia em locais distantes da região central, e estão diretamente conectadas às escolhas culturais do rap e hip hop,  performance vogue, arte de rua e tradições manuais que, desprendidas do ideal germânico  institucionalizado, encontraram local de pertença periférico, e marginalizado, e ali discorrem  suas revoluções estéticas nas artes visuais. 

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Reterritorialização como um dos fatores relevantes para políticas culturais de base comunitária em Blumenau

Revista Iberoamérica social (12/05/2021)

 Esta pesquisa objetiva indicar fatores relevantes para elaboração de políticas culturais de base comunitária a partir do município de Blumenau, Santa Catarina. Para isso foram analisados e identificados elementos da colonialidade de poder apresentados no território, observando-o como um espaço que se constrói a partir de trocas culturais. Por ser a cultura uma forma com o qual os indivíduos se reconhecem como sociedade e comunidade, Blumenau foi percebida como um território intercultural, em que há uma reterritorialização em curso. A cultura foi apresentada nessa pesquisa como um direito, o que levou os autores a utilizarem um olhar decolonial sobre o território, analisando as comunicações institucionais, políticas culturais vigentes e ofícios do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC). O método de análise foi a cartografia social, na busca por fatores relevantes para elaboração de políticas públicas para conservação e fomento da cultura no município.

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