Filosofia

Arquivos e publicações

1. A Oktoberfest em reflexões (21/09/22). Para fundamentar o conceito de cultura, o filósofo francês Félix Guattari, apresenta três reflexões, a cultura-valor; a cultura-alma e a cultura mercadoria. Diante da proposta de Guattari, que tipo de cultura a Oktoberfest representa? 

2. O valor da vida (26/09/22). Texto que objetiva  refletir sobre o valor da vida, apresentado aos estudantes do Programa Jovem Aprendiz, no SENAI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, no SENAI.

3. Enuma Elish, Atrahsis e o Gênesis (2001). Ensaio escrito sob mobilização da disciplina de Antropologia Cultural, na graduação em filosofia, comparando narrativas míticas. 

4. Jornadas após e com Lula (02/11/2022). O adulto que acredita, potencialmente, em comunismo, é semelhante à criança que acredita no velho do saco. Ambos vivem sob a ameaça causada pelo medo, e, acreditam piamente que a fantasia projetada pode-se tornar verdade e fazer desabar o mundo limitado que vivem. Da criança, entendo seus medos, do adulto nutro ojeriza.

5. O que configura o assédio? (08/112022). Para a configuração de assédio moral é necessária que a conduta seja reiterada e prolongada no tempo, com a intenção de desestabilizar emocionalmente a vítima. Episódios isolados podem até caracterizar dano moral, mas não necessariamente configuram assédio moral. Material utilizado com estudantes do Ensino Médio.

6. Espanto, logo existo

02/02/2023

Você já se espantou com alguma coisa? Ao lembrar do momento, como foi a reação? O que você sentiu ao “espantar-se”.

O espanto é uma emoção ou resposta que ocorre diante de algo surpreendente ou inesperado. Ele é, frequentemente, descrito como uma sensação de admiração ou estupefação, que pode ser motivado por coisas incríveis, bem como por coisas que desafiam nossas expectativas ou compreensão. O espanto pode ser uma reação positiva, como diante de algo belo ou impressionante, ou negativa, como quando estamos perplexos com algo assustador ou ameaçador.

O espanto é considerado o ponto de partida para uma atitude filosófica. A partir do espanto, o ser humano deixa de estar indiferente à sua realidade, as ações e os acontecimentos. Assim que o espanto é gerado, há a impulsão para ser construída a atitude crítica, racional, contestadora e problematizadora.

Para o filósofo grego antigo, Aristóteles (2012, p. 40), “com efeito, foi pelo espanto (τρομάζω) que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, perante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e colocaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol, e das estrelas, assim como da gênese do universo. E o homem, tomado de perplexidade e admiração, julga-se ignorante; portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam o conhecimento a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária.”

Aristóteles vê o espanto como uma emoção importante para a filosofia, pois a reação estimula a curiosidade e a abertura às novas ideias. Ele acredita que o conhecimento verdadeiro só é possível através da busca contínua e da superação do espanto, permitindo às pessoas chegar a uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor. O espanto é o ponto de partida, mas não a chegada.

O que lhe causa espanto?

Referência:

ARISTÓTELES. Metafísica (Livro I). 2 Ed. São Paulo: Edipro, 2012.

7. UMA REFLEXÃO A PARTIR DO CEI CANTINHO DO BOM PASTOR:  ENTRE ENCONTROS E DESENCONTROS 

05/04/2023


A manhã de 05 de abril de 2023 foi marcada pela brutalidade de um assassino, que invadiu o CEI Cantinho Bom Pastor em Blumenau, vitimou 4 crianças letalmente e outras 5 ficaram feridas. Fragilizou uma nação, diante da impotência e da crueldade. Uma mensagem, nas mídias sociais da instituição atingida, no primeiro dia do mês afirmava, “bem-vindo abril, nos traga esperança e paz”. A impotência reforça os votos de esperança, acima de qualquer outra coisa.  

Segundo a NSC Total, via G1, um homem de 25 anos pulou o muro da creche e iniciou o ataque contra as crianças com uma machadinha. As vítimas foram atingidas na região da cabeça. Após a ação, ele se entregou no Batalhão da Polícia Militar. O suspeito tem passagens por porte de drogas, lesão e dano, segundo a Polícia Civil. O ataque acontece dez dias após uma escola, em São Paulo, ser alvo de um adolescente, que vitimou uma professora com golpes de facas, além de outros feridos.   

O que você deseja, vingança ou justiça?   

Para Gilles Deleuze* um encontro é o mesmo que um devir, ou são as núpcias. Ele designa um efeito, um ziguezague, algo que passa ou que se passa entre dois, como sob uma diferença de potencial. O encontro não é uma representação, ele é o agenciamento entre representações, um domínio no campo dos afetos. O encontro é uma manifestação da arte, e vai ao desencontro da lógica veloz da produtividade. O encontro desafia os ideários do capitalismo.  

O massacre promoveu múltiplos desencontros. Nos aproximamos da festa da Páscoa, pela cristandade, ela marca a paixão; morte e ressurreição de Jesus Cristo (Jo 17; 18; 19; 20 e 21). A festa cristã promove um encontro em torno da fé, superando a morte com vistas a promessa de vida eterna. O mesmo Cristo, chamado de Bom Pastor (Jo 10, 11-21) acolhe, pelo abraço. O ataque, na creche do encontro, interrompe a perspectiva da vida tornando-se, agora, símbolo do desencontro, provocado por um desencontrado. Não é questão de defendê-lo, mas, de perceber, que o julgamento pode ser mais rápido que a reflexão.   

A mídia não-instituída opera noutro tipo de velocidade. No ato da promoção da chacina os celulares vibravam com notícias, fotos, desinformações e devaneios. Teorias da conspiração surgiam na mesma velocidade que a sede do usuário. Enquanto, todos possuem a oportunidade de criar, registrar e compartilhar, a destituição da informação desencontra. Ao mesmo tempo, o encontro midiático, por vias oficiais, em muitos casos aliena. Então, como promover o acesso ao encontro?  

Uma sábia-amiga-professora compartilhou, diante da feiura do desencontro, a arte surge como saída. A mesma arte que foi criminalizada nos últimos meses, a mesma que alguns insistem em categorizar como “coisa de vagabundo”. Quando ela desaparece, a beleza das cores torna-se uma grande sombra cinza. A Arte é a saída sóbria, mais eficiente que um estado policialesco que as autoridades políticas insistem e abordar. A arte é um encontro perene, o policialesco é o momento, o instante que separa, é semelhante ao bote da cobra, ela se arma, antes de atacar. A arte é desalinhar do bote.  Hoje a sociedade vitimada justifica o bote como saída do luto. 

Quando uma escola é atacada, rapidamente surge a falsa necessidade do reforço do estado policialesco. Como se ele pudesse juntar os pedaços, que são sequelas de uma escola já fragilizada. Como esta condição promovesse algum tipo de encontro, em vez disso, vela inúmeras fugas. Como aquelas que produzem os assassinos. Os assassinos em escolas, são produtos sociais da escola.  

Enquanto a vingança promove desencontros, forjada a base do ódio, a justiça é a possibilidade do encontro, mesmo que seu tempo esteja diferente daquele que sente a dor e a desesperança no corpo.   

* DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. São Paulo: Escuta, 1998.

8. O Rizoma: uma abordagem conectada e descentralizada

07 de agosto de 2023

Em sua obra "Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia", os filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari (2011) introduzem o conceito de rizoma, uma ideia poderosa que ajuda a refletir a complexidade e a diversidade do mundo em que se vive. O mundo é aquilo que se apresenta, mas são outras coisas também. 

Pense em uma planta, como a grama. A grama cresce e se espalha através de suas raízes, criando uma rede subterrânea conectada. Não há um centro único ou uma hierarquia nas raízes; elas crescem em várias direções e se entrelaçam, formando uma estrutura descentralizada. É assim que funciona um rizoma.

Da mesma forma, Deleuze e Guattari aplicam essa ideia ao nosso entendimento do conhecimento, da sociedade e da cultura. Em vez de ver o mundo como uma hierarquia fixa, com uma única fonte de autoridade ou verdade, o rizoma convida a enxergar a multiplicidade de conexões e interações entre as coisas. Pensar um rio além das duas margens, a direita e a esquerda, mas criando uma terceira alternativa, ou uma terceira margem do rio.

No rizoma, não há uma sequência linear ou um começo e um fim definidos. As ideias, os conceitos e as pessoas se conectam de maneira não linear, formando uma teia de relações complexas. Imagine a internet: inúmeras páginas, links e informações interconectadas, sem um ponto central de controle. Essa é uma representação do rizoma.

Uma característica importante do rizoma é a sua capacidade de se adaptar e crescer de forma flexível. Se uma parte dele for cortada, ele pode se regenerar e se espalhar por outros caminhos.  Conforme apontou Melchioretto (2021), isso reflete a natureza aberta e dinâmica das ideias e das sociedades.

O rizoma desafia a abandonar a ideia de que tudo deve seguir uma ordem rígida e convida a abraçar a diversidade, a flexibilidade e a criatividade. Trabalhar com o conceito de rizoma pode ser uma maneira empolgante e enriquecedora para os estudantes do ensino médio pensarem sobre o mundo ao seu redor. Ao abraçar essa abordagem conectada e descentralizada, eles podem desenvolver uma compreensão mais profunda da diversidade, das relações e das possibilidades que permeiam o conhecimento, a sociedade e a cultura.

Referência

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011. (Volume 1). 

MELCHIORETTO, Albio Fabian. A geofilosofia de Deleuze e Guattari como contribuição para pensar o Desenvolvimento Regional. In SOUTO, Thales Silveira; FOLMER, Ivanio (org.). P Desenvolvimento regional: política, planejamento e economia. orto Alegre: Arco Edições, 2021. p. 80–94. 

9. Israel e Palestina com o olhar da Filosofia (13/12/2022). Nenhum argumento é forte o suficiente para justificar as vidas ceifadas, seja em Israel, na Palestina ou em qualquer lugar do planeta. Enquanto se pensar a Mãe Terra fragmentada em pequenos espaços, ter-se-á problemas para pensar a humanidade como povo único. Sequência didática para discutir a guerra entre Israel e Palestia

9. Filosofadas e devaneios em mídias sociais

O túnel é uma passagem de um ponto A para um ponto B. Na geografia, o túnel é a aproximação de pontos que representam a superação de obstáculos, como, por exemplo, um túnel pela montanha. Atravessa-se por ela, em vez de contorná-la. O túnel é um acesso entre pontos.


O tempo é uma marca humana. Nenhum animal vive a marcação matemática do tempo. O passar do tempo é sinal de maturidade e aprendizado, em alguns casos. Em outros, é de esperança de que algo novo possa acontecer. Para outros, ainda, o tempo é apenas um castigo.


O túnel do tempo nem sempre é passado, às vezes é futuro. Jamais, o presente. 

10. Valores que motivam escolhas

29/02/2024 | 20 Contar Ciclos Podcast

Esse episódio foi gravado com o convidado Albio Melchioretto, professor, filósofo e autor do podcast TECENDO IDEIAS. Em um bate-papo livre e profundo, conversamos sobre os valores que motivam as escolhas em nossas vidas, e quais são os significados que atribuímos para suas consequências.