O projeto visa à recuperação e reprodução de receitas antigas e afetivas, praticadas pelos migrantes alemães no Vale do Itajaí e em outras regiões. A valorização da cultura e da história através da gastronomia é central, preservando conhecimentos tradicionais. Com a produção de um documentário multimídia e um livro digital de receitas, busca-se mobilizar a comunidade para a importância da preservação cultural. Oficinas e workshops serão promovidos, envolvendo todos, na prática dessas receitas que carregam memórias e emoções, destacando a riqueza do patrimônio culinário regional. Esta jornada celebra a descoberta e valorização da gastronomia afetiva.
Resgate cultural da cuca (Kuchen) realizado pelos estudantes do Superior de Tecnologia em Gastronomia (1ª Fase, 2023/1), da Faculdade SENAC Blumenau. O vídeo objetiva recuperar e reproduzir receitas antigas de Kuchen, praticada e desenvolvida pelos migrantes alemães que ocuparam o Vale do Itajaí.
MELCHIORETTO, A. F.; HOLZ, J. S. ; SANTOS, P. A. G. A história da cuca (Kuchen): um diálogo entre a gastronomia e o desenvolvimento regional. In: Aleteia Hummes Thaines; Andressa Soares dos Santos; Daniel Luciano Geverhr; Dilani Silveira Bassan. (Org.). E-Book do II Congresso Internacional e IV Seminário Nacional de Desenvolvimento Regional, 17 e 18 de agosto de 2023. 1ed.Taquara: FACCAT, 2023, v. 1, p. 443-450. Texto completo.
MELCHIORETTO, A. F.; HOLZ, J. S. A cuca (kuchen) como expressão cultural e vetor para o desenvolvimento regional. In: 17ª Mostra Integrada de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (MIPE), 2023, Blumenau. Anais da 17ª MIPE - Mostra Integrada de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura. Blumenau: FURB, 2023. v. 2. p. 69.
Resumo publicado:
Aqui explora-se um projeto de extensão, desenvolvido por uma instituição de ensino superior, do Médio Vale do Itajaí, cujo objetivo foi estudar a cuca (kuchen), um doce de origem alemã que se tornou um símbolo da identidade cultural no Médio Vale do Itajaí, no sul do Brasil. O projeto faz parte do curso Superior de Tecnologia em Gastronomia. O curso destaca-se pela abertura dada ao espaço social, crítico e histórico para pensar a relação com o alimento. Diante do contexto de preocupação com a preservação das tradições culinárias locais, propõe-se investigar um dos doces mais populares do Médio Vale, alinhado à curricularização da extensão universitária. O objetivo principal do projeto de extensão foi analisar como a cuca se transformou, de um doce enraizado na cultura colonizadora, em alimento com potencial gastronômico, atuando como um vetor para o desenvolvimento regional. O projeto aconteceu em várias etapas, e neste evento, pretende-se apresentar o itinerário dos estudos desenvolvidos com os estudantes de graduação em gastronomia que desenvolveram estudos a partir da revisão de referências; uma cartografia de relatos orais com descendentes de imigrantes alemães, seguida da sistematização dos dados. A cartografia, aqui, é pensada a partir da leitura de Deleuze e Guattari, onde se mapeará os processos de transformação e multiplicidade que ocorrem em espaços sociais. Ela se concentra nas interações entre diferentes elementos, como pessoas, instituições, práticas culturais e políticas, e visa revelar as relações de poder e os fluxos de desejo que operam nesses espaços. A cartografia foi construída a partir de 5 entrevistas, e com isso desvelou-se que a cuca desempenha um papel importante como símbolo de conexão com as raízes e a história da comunidade local. Como o projeto está ligado a um curso de gastronomia, diante da cartografia dos relatos orais, os estudantes, foram à cozinha escola do curso e reproduziram as receitas de cuca relatadas pelas vozes da pesquisa. Uma receita diferente da cuca que encontramos na atualidade. A cuca adquiriu uma dimensão gastronômica, destacando a riqueza e diversidade das tradições alimentares que contribuíram para o surgimento dela como um produto gourmetizado, e um atrativo econômico para o turismo e o desenvolvimento regional. Com isso verifica-se que o projeto de extensão apresenta um impacto sócio comunitário, multifacetado, abrangendo desde a valorização da cultura e identidade local e o estímulo ao desenvolvimento econômico regional. O projeto fortalece a conexão entre a universidade e a comunidade, demonstrando o papel importante que as instituições de ensino superior desempenham na promoção do desenvolvimento sustentável e no enriquecimento cultural das regiões que estão inseridas.
13/11/2024
A colonização alemã no Médio Vale do Itajaí, a partir do século XIX, introduziu costumes e tradições que moldaram a identidade da região, incluindo seus hábitos alimentares. O Frühstück, uma refeição tradicional germânica, incorporou-se à cultura local, adaptando-se ao longo das gerações e simbolizando a fusão das culturas alemã e brasileira. Mais do que uma simples refeição, o Frühstück representa um ritual social, um momento de partilha e conexão entre as pessoas. Originalmente, o Frühstück era uma refeição substancial servida no meio da manhã para os trabalhadores rurais, fornecendo-lhes energia para as longas jornadas de trabalho. Era comum a prática de levar a refeição aos trabalhadores na roça, com pratos como pirão com linguiça, pão com morcela frita e aipim frito. As entrevistas com moradores da região revelam que o Frühstück era um momento de confraternização, especialmente em ocasiões especiais como festas comunitárias e eventos em clubes de caça e tiro. Era uma oportunidade para as famílias se reunirem, fortalecerem laços e celebrarem seus costumes. Com o tempo, o Frühstück sofreu transformações, adaptando-se às mudanças sociais e econômicas da região. A modernização e a mudança nos padrões de trabalho levaram a uma diminuição da prática tradicional do Frühstück. No entanto, a tradição persiste, mesmo que de forma menos frequente e menos ortodoxa, como um elo com o passado e um símbolo da herança cultural da região. O Frühstück se configura como um patrimônio imaterial do Médio Vale do Itajaí, representando a fusão das culturas alemã e brasileira. Ele demonstra como a comida pode ser um elo vital entre o passado e o presente, adaptando-se às mudanças sociais e preservando a memória coletiva. A tradição do Frühstück, embora tenha se transformado ao longo do tempo, continua a ser um elemento importante na construção da identidade cultural da região do Médio Vale do Itajaí.
Quando eu era pequena, ateava fogo num punhado de lenha, sob uma chapa de metal. Colocava uma mistura de ovo, açúcar e farinha na mini caçarola e assava o bolinho delicioso! O sabor do bolinho era de fumaça. E eu? Era uma realizadora de projetos na forma de bolinhos.
[...]
Nessa obra, o leitor vai eventualmente ou muitas vezes, se encontrar com alguém e com suas memórias. As influências culinárias, de certa forma, são denúncias de quem somos. Então leitor, você vai se encantar com as receitas desse encontro!
Profª. Juliana Sa Holz